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Falta de água ameaça 60 mil empresas e põe em risco mais de 1,5 milhão de empregos, aponta FIES

02/02/2015

Prefeituras querem que o governo do Esta¬do crie um comitê de crise para que os municípios possam apresentar alternativas para a grave situação hídrica

Charge: divulgação 
 

Os prefeitos dos municípios paulistas cobraram do gover­nador, Geraldo Alckmin (PSDB), esclarecimentos sobre o plano de racionamento de água que pretende executar por conta da crise hídrica do Estado de São Paulo, durante reunião na última quarta (28).

“Se haverá racionamento, como está sendo dito pela im­prensa de 5 dias sem água e 2 dias com água, as cidades precisam saber como isso vai acontecer”, disse o secretário de Gestão Ambiental de São Ber­nardo, João Ricardo Guimarães Caetano, que representou o prefeito Luiz Marinho na reu­nião com o governador.

O secretário de São Bernar­do afirmou que não é possível prever o impacto sobre a ati­vidade econômica, mas que certamente será afetada.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) divulgou dados sobre a crise hídrica para o setor, com 60 mil indústrias e 1,5 milhão de empregos ameaçados pela falta de água.

Para João Ricardo, é vital que a Sabesp, empresa respon­sável pelo abastecimento em São Paulo, apresente detalhes do plano de racionamento.

“Existem serviços que não podem ter seu fornecimento suspenso, como é o caso de um centro de hemodiálise”, explicou o secretário.

“Se houver interrupção, temos que ter alternativas para não colocar a vida das pessoas em risco”, completou.

Segundo ele, as prefeituras querem que o governo do Esta­do crie um comitê de crise para que os municípios possam apresentar alternativas para a grave situação hídrica.

“O que não dá é para rece­bermos informações a conta gotas”, criticou o secretário sobre o posicionamento do governo estadual e da Sabesp, que vem negando há quase um ano a possibilidade de desabastecimento.

Os prefeitos do ABC, junto a outros 20 chefes de cidades paulistas, também defenderam que o governador Geraldo Al­ckmin divulgue com urgência uma campanha para esclarecer a população sobre a questão.

Relembre o que Alckmin já declarou sobre a crise no Estado

4 de fevereiro de 2014

Alckmin disse que não haveria racionamento e que o estímulo à economia de água, com desconto na conta, seria suficiente para manter o abastecimento. Na épo­ca, o Sistema Cantareira estava com 21,4% da capacidade ainda do volume útil. O Governo oferecia desconto para quem economizas­se, no mínimo, 20%.

9 de fevereiro

Governador negou nova­mente racionamento e de­clarou que campanha evi­tava desperdício. Sistema Cantareira caiu abaixo dos 20% e Sabesp classificou cenário como preocupante.

25 de fevereiro

Pela primeira vez, Alckmin não descartou racionamento e admitiu o uso dos 400 milhões de metros cúbicos do volume morto. A capacidade dos re­servatórios do Cantareira era de 16,9%. Parte da população abastecida pelas represas já recebia água de outros ma­nanciais.

2 de agosto

Governador disse que racionamento de água seria uma atitude irresponsável e que não pretendia mudar estratégia. Sistema Cantareira estava com volume de 15,1%, já com a primeira cota do volume morto.

30 de setembro

Em debate eleitoral, Alckmin disse que não falta e não vai faltar água. Governo é criticado por opositores por Sabesp repartir lucro com acionistas e não ter feito obras emergenciais e estruturantes.

10 de novembro

Declarou que o abastecimento estava garantido para 2015. Cantareira tinha 11,3% da capacidade. Alckmin pediu ao governo federal R$ 3,5 bilhões para a construção de obras.

18 de dezembro

Governo anunciou multa para quem aumentasse consumo e que medida foi de caráter educativo. O volume do Cantareira estava em 6,9%.

14 de janeiro de 2015

Após 11 meses, Alckmin admitiu, pela primeira vez, que há racionamento. Nível do Cantareira estava em 6,3%.

15 de janeiro

Alckmin disse que multa para alto consumo de água deverá evitar racionamento. Cantareira estava com 6,2% da capacidade após esgotar volume útil e o primeiro volume morto.

Números da crise

6,2 MILHÕES é a quantidade de pessoas na região metropolitana que recebem água pelo Sistema Cantareira.

60 MIL é o número de indústrias no Estado que deverão ser afetadas pela falta de água.

1,5 MILHÃO de empregos estão ameaçados.

60% do PIB industrial do Estado de São Paulo é representado pelas empresas que sofrerão com a crise hídrica.

144,3 MIL LITROS é o volume utilizado para a produção de um carro.

Do SMABC

Agência FEM-CUT/SP
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